O uso excessivo de tecnologia tem levado muitos jovens a uma solidão exacerbada, que se manifesta de maneiras profundas e variadas no cotidiano. A imersão constante no ambiente digital, muitas vezes, cria uma falsa sensação de conexão, enquanto, paradoxalmente, afasta os jovens das interações sociais reais e do desenvolvimento de vínculos afetivos genuínos. Esse distanciamento pode gerar sérios impactos psicológicos, cognitivos e emocionais, afetando diretamente a autoestima, a capacidade de lidar com frustrações e a habilidade de se relacionar de maneira saudável com os outros. Além disso, o uso excessivo de telas tem interferido no processo de formação de identidade dos jovens, dificultando o desenvolvimento de uma visão mais clara de si mesmos e do mundo ao seu redor. Em muitos casos, esses fatores se entrelaçam, criando um ciclo de isolamento e sofrimento emocional que, se não tratado adequadamente, pode resultar em problemas ainda mais graves, como ansiedade, depressão e dificuldades no desempenho escolar.
Pesquisas apontam que cerca de 43% das crianças e adolescentes brasileiros já sofreram algum tipo de bullying, e que 35% da geração Z relatam ter enfrentado episódios de depressão. Isso nos leva a refletir sobre o papel da educação e da saúde mental nesse contexto. Dados indicam que a saúde mental dos jovens é uma questão de extrema urgência: quase um em cada seis adolescentes entre 10 e 19 anos no Brasil vive com algum transtorno mental, e o suicídio é a terceira principal causa de morte entre os adolescentes. O impacto do bullying, juntamente com a pressão das redes sociais, agrava esse quadro.
Dentro desse cenário, a promoção da saúde mental e a prevenção de transtornos têm um papel fundamental no desenvolvimento saudável dos jovens. No entanto, é essencial que o foco vá além da mitigação de problemas, e busque intervenções sistemáticas que fortaleçam o bem-estar físico, emocional e psicológico de crianças e adolescentes de maneira contínua. A reversão desse cenário exige um trabalho coletivo, no qual educadores, famílias e profissionais da saúde atuem juntos para promover a reconexão com a realidade, longe da alienação proporcionada pelas telas.
É urgente que, como sociedade, estejamos atentos aos desafios enfrentados pelos jovens de hoje, ajudando-os a superar o bullying e as consequências de uma vida excessivamente conectada, e permitindo que encontrem, novamente, seu espaço no mundo real, com saúde mental, afeto e pertencimento.
A presença da família é essencial para orientar e fortalecer os filhos no uso saudável das tecnologias. O diálogo, o exemplo e os limites estabelecidos pelos pais ajudam as crianças e adolescentes a desenvolverem senso crítico, equilíbrio e responsabilidade. Quando a família participa ativamente da vida digital dos filhos, cria um ambiente de confiança e apoio, fundamental para que eles saibam lidar com os desafios e influências do mundo virtual, sem perder os valores e os vínculos afetivos.