A 3ª edição do projeto Roda de Saberes, promovida pelo Gabarito Educação, no dia 2 de setembro, reuniu famílias e educadores, em transmissão online, para debater um tema essencial: “A escola enquanto espaço de vida”. O encontro foi mediado pelo professor Narlo Santos e contou com a participação de Julio Abdalla, mantenedor do Gabarito, e de Sara Machado, especialista da Escola da Inteligência, que compartilharam reflexões sobre os desafios contemporâneos da educação e a importância da parceria com as famílias.

Escola como porto seguro

Julio destacou que a escola deve ser uma extensão da casa dos estudantes, um segundo porto seguro, após a família.

“Sempre pensei em uma escola atrativa não só pela estrutura, mas principalmente pelas pessoas que a fazem: o carinho, o acolhimento, o sorriso. O aluno precisa amar a escola, sentir prazer em estar ali. É nesse ambiente organizado e afetuoso que ele aprende melhor”, afirmou.

O mantenedor ressaltou, ainda, que a educação precisa ir além da aprovação em vestibulares: “meu compromisso não é apenas entregar diplomas, mas formar jovens maduros, resilientes, preparados emocionalmente e prontos para contribuir com o mundo”.

Presença e limites como pilares

Para Sara, a escola é o primeiro espaço coletivo em que a criança se reconhece como sujeito no mundo. “Dizer que a escola é espaço de vida pode parecer redundante, mas é nela que a criança rompe sua primeira bolha, aprendendo a conviver com o diferente e a lidar com desafios fora do ambiente familiar”, explicou.

A especialista enfatizou a importância das frustrações e dos limites como parte da formação. “É fundamental que a criança perca no futebol, tire notas baixas ou fique triste em algumas situações. Isso ensina resiliência e prepara para frustrações maiores, como a não aprovação em um vestibular. O limite dá segurança: quando a escola diz ‘não’, a criança entende que está em um ambiente confiável”.

O impacto das telas

Outro ponto discutido foi o uso precoce e excessivo das tecnologias. Julio alertou para os riscos de expor crianças e adolescentes ao celular antes do Ensino Médio, destacando prejuízos no desenvolvimento social e emocional. “O celular não pode substituir a convivência. Nosso papel é orientar pais e professores para não permitir que a tecnologia assuma um espaço que deve ser de interação humana”, disse.

Sara complementou com dados de pesquisas recentes que relacionam a exposição às telas na infância a impactos no desenvolvimento cerebral. “Não se trata de um detalhe: o uso precoce pode comprometer funções como atenção, memória e raciocínio. O afeto e a presença dos pais são remédios para esse cenário”, pontuou.

A família como parceira

Ambos reforçaram que a presença da família é decisiva para o sucesso educacional. “Tudo depende da família. A escola é coadjuvante: nós colaboramos, mas quem prepara a base é a família, que precisa acompanhar, estar junto e dar tempo de qualidade aos filhos”, destacou Julio.

Sara reforçou a necessidade de diálogo e parceria: “a crítica à escola deve ser feita nos fóruns adequados, nunca diante dos filhos. Presença, acompanhamento e confiança são indispensáveis”.

Educação integral e transformadora

Encerrando o encontro, os palestrantes reiteraram a missão do Gabarito de oferecer uma formação integral, que valoriza tanto o desempenho acadêmico quanto o desenvolvimento socioemocional.

“A escola é um universo muito maior do que notas e aprovações. É lugar de socialização, de descobertas e de construção de valores para a vida toda”, concluiu Sara.

O Roda de Saberes se consolida, assim, como um espaço de aproximação entre escola e famílias, fortalecendo o compromisso conjunto de formar cidadãos conscientes, críticos e preparados para os desafios do futuro.